quinta-feira, 22 de novembro de 2007

Acupuntura Médica Contemporânea: O Tratamento dos Distúrbios Funcionais

Distúrbios funcionais - conceitos atuais

Em meados do século 19, alguns médicos defendiam o conceito de "neuroses" como doenças nervosas sem causa orgânica aparente, e outros duvidavam. Perguntavam: não seriam os distúrbios neuróticos mais bem explicados como doenças imaginárias, uma forma de chamar a atenção?

Na década de 1920 apareceu a medicina psicossomática, como disciplina científica criada para investigar as relações entre fenômenos psicológicos e a etiopatogenia. Nessa época Freud escreveu: “Podemos antever um dia em que os caminhos do conhecimento estarão abertos, levando do campo da biologia e da bioquímica para o campo dos fenômenos neuróticos” [Freud S. 1926].

Mais recentemente, Yunus, co-autor dos critérios de diagnóstico da síndrome de fibromialgia para a Academia Americana de Reumatologia, propôs o termo "distúrbio de espectro disfuncional", para descrever condições como fibromialgia, fadiga crônica, síndrome do cólon irritável, dor facial atípica, entre outras [Yunus M.B. 1992].

Em seguida aparece o conceito de distúrbios neurossomáticos, para designar essas situações clínicas. Para [Goldstein J. A. 1996], o termo distúrbios neurossomáticos descreve condições atribuídas a alteração da função límbica. São disfunções da rede neural, que incluem alterações da captação, da transmissão e do processamento de informações no sistema nervoso. O reconhecimento da neurobiologia dos distúrbios neurossomáticos abre novas possibilidades terapêuticas para essas condições. As manifestações clínicas dos distúrbios funcionais revelam alterações dos dispositivos neurais de regulação e controle das funções do organismo, mesmo na ausência de alterações estruturais, mas a perpetuação das disfunções leva a mudanças estruturais.

As doenças crônicas que têm por substrato alterações estruturais, invariavelmente apresentam distúrbios funcionais como comorbidade. Seu tratamento permanece insatisfatório na grande maioria dos casos.

A neurobiologia da resposta ao stress

Na década de 1930, importantes passos foram dados no conhecimento da fisiologia da resposta ao stress, embora ainda não se usasse essa expressão para designar as mudanças que acontecem no organismo em situações desafiadoras. Nessa época Walter Cannon [Cannon W.B. 1932] elucidou a participação do sistema nervoso autonômico na resposta chamada fight or flight, e Hans Selye [Selye H. 1936] revelou as respostas neuroendócrinas que ocorrem na condição que denominou Síndrome Geral de Adaptação.

Há cinqüenta anos atrás, só as pontes ficavam estressadas, afetadas pela fadiga dos materiais. Em 1956 [Selye H. 1956] a palavra evoluiu de um termo da engenharia para adquirir um significado mais amplo, num contexto biológico, médico e cultural. Stress pode ser definido como qualquer tipo de ameaça – real ou virtual – à integridade do indivíduo ou do seu organismo, ou seja, qualquer evento real ou percebido que possa alterar a homeostase.


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