domingo, 16 de dezembro de 2007

Mecanismos de ação da acupuntura 3. As explicações fisiológicas e os resultados dos estudos clínicos

Extraído de

Howard H Moffet. How might acupuncture work? A systematic review of physiologic rationales from clinical trials. BMC Complementary and Alternative Medicine 2006, 6:25 doi:10.1186/1472-6882-6-25

“O interesse científico em acupuntura levou numerosos pesquisadores a conduzir estudos clínicos para testar a eficácia da acupuntura para varias condições, mas os mecanismos subjacentes à Acupuntura são pouco compreendidos.”

“Os estudos clínicos em geral testam uma associação causal entre a intervenção e o desfecho.” Ersnt [Ernst E. Acupuncture - a critical analysis. J Intern Med 2006, 259: 125-137] afirmou que “de uma perspectiva científica, a Acupuntura raramente (ou nunca) é uma terapia causal”. Moffet: “Talvez a acupuntura não seja causal – não mais do que acionar um interruptor “causa” a iluminação”. Entretanto “se a acupuntura é uma intervenção causal, os investigadores deveriam ser capazes de sugerir uma via hipótese ou explicação (rationale) biológica para como funcionaria a Acupuntura.”

O propósito do estudo de Moffet é determinar em que extensão os estudos clínicos contemporâneos em acupuntura propõem explicações fisiológicas e apresentam os achados no contexto de outras características dos estudos.

Setenta e nove estudos clínicos publicados em inglês em 2005 foram identificados, e cada um foi revisado para uma explicação (rationale) fisiológica, assim domo os objetivos e desfechos do estudo, intervenções experimentais e controles.

33% dos estudos não apresentaram explicações fisiológicas. 67% postularam alguma base fisiológica para a Acupuntura. Entre estes, 62%, propuseram mecanismos neuroquímicos, 4% efeitos segmentares sobre o sistema nervoso, 6% regulação do sistema nervoso autônomo, 3% efeitos locais, 5% efeitos sobre a função cerebral, e 5% outros efeitos.

O fato de ter uma explicação fisiológica não se associou com achados objetivos - positivos ou negativos - ou meios de intervenção. A explicação majoritária para como deve funcionar a Acupuntura envolve respostas neuroquímicas, e não está relatada uma correlação destas com os objetivos do tratamento, pontos específicos, meios ou métodos de estimulação.

“Como funcionaria a acupuntura?” é perguntado e respondido no site do NCCAM (National Center for Complementary and Alternative Medicine) dos HIN (National Institutes of Health): “Propõem-se que acupuntura produz seus efeitos através de regulação do sistema nervoso, favorecendo a atividade de bioquímicos analgésicos como as endorfinas e células do sistema imunitário em locais específicos do corpo. Além disso, estudos mostraram que a acupuntura pode alterar a química cerebral modificando a liberação de neurotransmissores e neuro-hormônios, afetando assim as partes do sistema nervoso central relacionadas com a sensação e as funções involuntárias do organismo, como as reações imunitárias e processos que regulam a pressão arterial, fluxo sangüíneo e temperatura corporal.”

Documento do CONSORT (Consolidated Standards of Reporting Trials) recomenda que os autores de estudos clínicos “sugiram uma explicação plausível para como funcionaria a intervenção sob investigação”. Os estudos clínicos de acupuntura poderiam ser mais úteis se eles não contivessem somente uma hipótese sobre a eficácia, mas também uma hipótese sobre um mecanismo.

O autor do estudo concluiu que a maioria dos estudos clínicos em Acupuntura deixa de oferecer explicações que façam sentido, e que propor uma explicação racional pode ajudar os investigadores a desenvolver e testar uma hipótese causal, escolher um controle apropriado, e descartar os efeitos-placebo.

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