A síndrome do colo irritável (SCI) é um exemplo da não-linearidade do funcionamento do organismo, o qual permanece sendo – em inúmeros aspectos - uma “caixa preta”. Que não é como a dos aviões: esse conceito, originário da Cibernética, significa que o conhecimento das entradas e das saídas de um sistema complexo é, muitas vezes, o que se dispõe.
A complexidade se explicita já pelo fato de que as funções do tubo digestivo (sensoriais, motoras e secretoras) são controladas por diferentes sistemas, incluindo o sistema nervoso autônomo e o plexo de neurônios do tubo digestivo, chamado de sistema nervoso entérico (SNE), entidade relativamente autárquica com relação aos outros sistemas nervosos (periférico, central e autônomo).
O sistema nervoso entérico
Responsável pela captação e processamento de informações moleculares e iônicas presentes no seu ambiente e por gerar respostas locais modificadoras da atividade muscular da parede do tubo digestivo, o SNE é um dos componentes da neurobiologia da SCI. A rede do SNE, como qualquer outra rede neuronal, “aprende” com as experiências, Por exemplo, em situações anômalas, as leituras e as respostas podem ser incorretas, como acontece na hiper-reatividade ou intolerância a substâncias antes inócuas.
A configuração do SNA também se encontra alterada na síndrome, e experimentos que avaliaram variáveis do organismo controladas pela atividade simpática e parassimpática mostraram redução do tônus vagal.
Isso parece contradizer a ocorrência de aumento na velocidade do trânsito intestinal na SCI. Entretanto, a síndrome se caracteriza por sintomas variados, relacionados com mudanças na motilidade do tubo digestivos, incluindo os relacionados com refluxo gastresofágico, e outras alterações da motilidade, como a contração localizada da musculatura circular do tubo digestivo (incluindo esôfago), que causa espasmo do esôfago, distensão abdominal e meteorismo, desconforto e dor. A obstipação é freqüente, o que é compatível com hipo-atividade vagal, invertida na ocorrência de diarréia.
Portanto, o que se pode cogitar no momento sobre os mecanismos de ação da estimulação neural periférica é que a intervenção pode promover uma restauração do equilíbrio dinâmico do SNA. Para os pacientes com SCI (manifestação clínica presente em maior ou menor grau na síndrome de fibromialgia), as repostas supra-segmentares, que geram comandos para o SNA são cruciais, e por isso a estimulação de fibras periféricas mielinizadas não-nociceptivas em ramos distais de nervos (como do mediano e do tibial) é uma parte importante do tratamento.
Na ocorrência de dor relacionada com a síndrome do colo irritável, a supressão de informação nociceptiva nas regiões para-vertebral e de viscerótomos é uma opção coerente (infiltrações de anestésicos locais e/ou eletroestimulação hiperpolarizante), e quando o objetivo é promover normalização funcional, a eletro-neuro-estimulação com freqüências baixas é o que tem sido preconizado.
Evidence for Autonomic Nervous System Imbalance in Women with Irritable Bowel Syndrome
Margaret Heitkemper, Robert L. Burr, Monica Jarrett, Vicky Hertig, Mary Kathleen Lustyk and Eleanor F. Bond
Digestive Diseases and Sciences Volume 43, Number 9 / September, 1998
Abstract
Autonomic nervous system function was assessed in women with and without irritable bowel syndrome using frequency domain measures of heart rate variability. Women were interviewed and placed into the irritable bowel syndrome (N = 25) group based on history of diagnosis and self-report of current gastrointestinal symptoms. Women in the control group denied a history of chronic gastrointestinal symptoms (N = 15). Women were followed for one menstrual cycle with a symptom diary, and during mid-luteal phase they wore a Holter 24-hrelectrocardiograph monitor.
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