O modelo de pensamento médico do século 19 exigia a identificação de fatores etiológicos específicos, sobre os quais se possa agir terapeuticamente. Entretanto, na maioria dos distúrbios funcionais, ou neurossomáticos, não se encontram fatores causais definidos, que mantenham relação causa-efeito consistentes com os sintomas.
No caso dos distúrbios digestivos funcionais, por exemplo, a terapêutica dirigida a corrigir um aspecto específico, como o atraso no esvaziamento gástrico, não produzem alívio sintomático expressivo, enquanto o uso de agentes de ação cerebral, como ansiolíticos, sedativos, antieméticos, podem fornecer alívio sintomático, sem modificar a função dos órgãos digestivos.
Recentemente, muitos investigadores dirigiram seus esforços no sentido de explorar os sintomas em si, tratando de estabelecer causas que não estão necessariamente ligadas a alguma doença do órgão onde ocorre o distúrbio[i].
A abordagem clínica baseada no modelo neurossomático, com seus conceitos de rede, de complexidade, de eventos não-lineares, pressupõe uma atualização da terapêutica dos distúrbios funcionais.
A associação de Acupuntura com os novos medicamentos psicoativos, e com os métodos psicoterapêuticos atualmente em uso, de eficácia reconhecida, como a hipnoterapia, se apresenta hoje como uma resposta à demanda de solução para as condições clínicas crônicas, que mesmo não sendo fatais, comprometem – às vezes de modo irreversível, a qualidade de vida das pessoas.
[i] MALAGELADA, Juan-R, Functional Dyspepsia Insights on Mechanisms and Management Strategies, Gastroenterology Clinics, Volume 25, Number 1, March 1996
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