sábado, 19 de abril de 2008

Infiltração de Anestésicos Locais em Pontos-Gatilho Miofasciais

Critérios para a utilização do procedimento CBHPM 2.01.03.30
Infiltração de Anestésicos Locais em Pontos-Gatilho Miofasciais

Norton Moritz Carneiro [1]

A síndrome dolorosa miofascial é caracterizada por dor originada em estruturas músculo-esqueléticas, movimentos associados, e reprodução da dor pela palpação de pontos-gatilho bem localizados nos músculos afetados. Pontos-gatilho são definidos como bandas tensas distintas ou nódulos nos músculos afetados, que causam dor localmente e em local distante do sítio de palpação. A síndrome dolorosa miofascial pode ser um distúrbio primário, ou pode ser secundária a outros distúrbios dolorosos, como espondilopatia facetária ou radiculopatia, ou a afecções músculo-esqueléticas de naturezas diversas, como artríticas, neuropáticas ou visceropáticas.

A síndrome dolorosa miofascial (SDM) é uma das causas mais comuns de dor músculo-esquelética. Acomete músculos, tecido conectivo e fáscias, principalmente a região cervical, cintura escapular e lombar, assim como os membros. A dor e a incapacidade geradas pelas SDMs podem ser bastante significativas.

Várias denominações têm sido utilizadas para essas condições: mialgia, miosite, miofasceíte, miofibrosite, miogelose, fibrosite, reumatismo muscular ou de partes moles e tensão muscular. Apesar de a SDM ser uma das causas mais comuns de dor e incapacidade em doentes que apresentam algias de origem músculo-esquelética, muitos profissionais da área de saúde e doentes não a reconhecem, pois o diagnóstico depende exclusivamente da história clínica e dos achado do exame físico. Muitos destes doentes são tratados como bursite, artrites, tendinites ou doenças viscerais, sem haver melhora significativa do quadro clínico. Infiltração de anestésicos locais ou agulhamento seco de pontos-gatilho miofasciais são procedimentos utilizados no tratamento de síndromes dolorosas regionais [2].



Condições nas quais as síndromes dolorosas miofasciais podem estar associadas ou ser a causa de dor [3].

Cefaléia tensional ou cefaléia cervicogênica

Radiculopatias (distribuição miomérica dos PGs)

Ciatalgia (síndrome do m. piriforme, m. glúteo mínimo, m. glúteo médio)

Doença degenerativa discal

Síndrome do desfiladeiro torácico

Dor torácica não visceral

Distúrbios ósteo-musculares relacionados ao trabalho (DORT): epicondilites, tendinites e tenossinovites

Distrofia simpático-reflexa (síndrome complexa de dor regional)

Osteoartroses

Síndromes do impacto do ombro, bursite subacromial e subdeltoídea (PGs e pontos dolorosos no músculo deltóide)

Bursite trocantérica: PGs e pontos dolorosos nos m. glúteos

Dor abdominal e pelviperineal não visceral

Dor pós-operatória

Recomendações com base em critérios técnicos [4]

- Em cada sessão, são injetados 2 a 4 pontos-gatilho miofasciais, em músculos diferentes.

- O procedimento não deve ser repetido antes de 3 dias depois da primeira injeção.

- Não é recomendado aplicar a infiltração no mesmo ponto-gatilho mais do que 3 vezes, num período de seis meses.



[1] CRM-SC 1621. Clínica Sistema – Rua Prof. Belarmino Correa 139, Trindade – Florianópolis. Fone 3233 2533; e-mail nortonmc@acupunturatual.com.br

[2] Kim P.S. Role of injection therapy: review of indications for trigger point injections, regional blocks, facet joint injections, and intra-articular injections. Current Opinion in Rheumatology: Volume 14(1) January 2002 pp 52-57. http://www.co-rheumatology.com/pt/re/corheum/fulltext.00002281-200201000-00010.htm;jsessionid=FTvftcYrpQNnWT2bgVmGTBjj634HhGppJvjb6R1Rf2fYyYxj6Qys!-1434154485!-949856145!8091!-1

[3] Lin Tchia Yeng, Helena Hideko Seguchi Kaziyama, Manoel Jacobsen Teixeira. Síndrome Dolorosa Miofascial. Rev. Med. (São Paulo), 80 (ed. esp. pt.1):94-110, 2001. http://www.revistademedicina.com.br/Artigos/80s_05.pdf

[4] Alvarez D.J., Rockwell P.G. Trigger Points: Diagnosis and Management. American Family Physicians, Feb 2002. http://www.aafp.org/afp/20020215/contents.html

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