Em 1990, um grupo de pesquisadores ligados ao Departamento de Medicina da Universidade de Ciências da Saúde em Bethesda, EUA, realizaram um estudo da prevalência de sintomas em pacientes ambulatoriais, e a eficácia dos tratamentos utilizados[1].
Observaram que “Sintomas comuns são importantes causas de adoecimento e de utilização de serviços de saúde.” Por meio de um questionário respondido por 410 pacientes ambulatoriais, avaliaram 15 sintomas. Os pacientes relataram quais eram os seus principais problemas de saúde, e que terapia (se havia alguma) era útil. Enquanto 80% dos pacientes com síndromes dolorosas e queixas gastrintestinais obtiveram algum benefício terapêutico,
somente 39% dos indivíduos com fadiga, dispnéia, vertigem, insônia, disfunção sexual, depressão, e ansiedade relataram qualquer alívio.
Concluíram os autores que “são necessários melhores tratamentos para essas queixas comuns dos pacientes ambulatoriais.”
Em meados do século 19, alguns médicos defendiam o conceito de "neuroses" como doenças nervosas sem causa orgânica aparente, e outros duvidavam. Perguntavam: não seriam os distúrbios neuróticos mais bem explicados como doenças imaginárias de pacientes que buscam atenção?
Mais recentemente, Yunus[2] (co-autor dos critérios de diagnóstico da síndrome de fibromialgia para a Academia Americana de Reumatologia), propôs o termo “distúrbio de espectro disfuncional” para descrever condições como síndrome de fibromialgia e símdrome da fadiga crônica, síndrome do cólon irritável, dor facial atípica, bexiga hiperativa, entre outras.
Em seguida apareceu o conceito de distúrbios neurossomáticos, termo que descreve condições atribuídas a alteração da função límbica, incluindo distúrbios do humor, como ansiedade[3].
Distúrbios neurossomáticos são definidos como disfunções da rede neural com repercussões sistêmicas, causadas por uma interação de fatores genéticos, do desenvolvimento e ambientais. Incluem alterações da captação, da transmissão, do processamento de informações no sistema nervoso, e dos padrões de comandos da rede neural.
O reconhecimento da neurobiologia desses distúrbios representa novas possibilidades terapêuticas para essas condições. Nos distúrbios funcionais como na resposta ao stress, ocorre modulação periférica, sensibilização e wind-up de receptores e efetores do sistema nervoso periférico, além do aspecto central. A restauração do padrão fisiológico de configuração da rede neural depende de um aprendizado, semelhante ao que induziu a patologia.
Psicoterapia, medicamentos, e, neuromodulação induzida por estimulação neural periférica (Acupuntura) são recursos mais eficazes para o tratamento dessas condições clínicas.
[1] Kroenke K, Arrington ME, Mangelsdorff AD. The prevalence of symptoms in medical outpatients and the adequacy of therapy.Arch Intern Med. 1990 Aug;150(8):1685-9.
[2] Yunus M.B. Towards a model of pathophysiology of fibromyalgia: aberrant central pain mechanisms with peripheral modulation. J Rheumatol 9:846-850. 1992
Nenhum comentário:
Postar um comentário