As importantes contribuições da Acupuntura para o tratamento dos pacientes com dor e síndromes disfuncionais, condições de elevada prevalência na população, vêm sendo progressivamente reconhecidas e adotadas em todo o mundo, tanto pelos meios científicos quanto pelos principais beneficiários, os próprios pacientes.
Mesmo assim, até recentemente a Acupuntura esteve cercada por uma aura de mistério. Aparentemente, estaria irremediavelmente vinculada aos sistemas médicos orientais antigos, com suas concepções peculiares de anatomia e fisiologia, de patologia e de terapêutica. Mas os seus fundamentos biológicos começaram a ser desvendados já na década de 1970, e desde então está comprovado e consolidado como dado de conhecimento, que os efeitos da Acupuntura dependem estritamente da integridade anatômica e funcional do sistema nervoso, e das respostas fisiológicas à estimulação neural periférica [LEVY B., MATSUMOTO T. 1975; POMERANZ B. CHENG L. 1972; QUAGLIA-SENTA A. 1979; BOSSY J. 1979; GUNN C.C., MILBRANDT W.E. 1978].
Os avanços científicos, que elucidaram os mecanismos de ação e redefiniram a Acupuntura, proporcionaram a sua inclusão no contexto médico-científico contemporâneo, e levaram ao advento da Acupuntura Médica Contemporânea. Fundamentada na comprovação da eficácia clínica e nos mecanismos biológicos de ação, desenvolve-se simultaneamente em centros médicos e universitários de vários países [FILSHIE, J., CUMMINGS, M. 2001].
Em permanente atualização, progredindo na mesma medida em que progridem as ciências básicas que a fundamentam, e a pesquisa clínica que fornece balizamento para o diagnóstico e as escolhas terapêuticas, a Acupuntura Médica Contemporânea já se estabelece como um dos métodos de primeira escolha para aliviar a dor e o desconforto, restabelecer a saúde e promover o bem-estar de muitos pacientes.
As antigas e exóticas explicações da Medicina Tradicional Chinesa para a Acupuntura têm sido contestadas. Graves problemas epistemológicos têm sido apontados, e uma atualização se tornou inevitável e inadiável. O médico de hoje, comprometido com a ética médica, é compelido a buscar a fundamentação da acupuntura nos conhecimentos médicos atuais. Para alguns autores, é provável que muitos dos maiores avanços na acupuntura venham do Ocidente,
As respostas às questões suscitadas pelos efeitos da Acupuntura devem preencher critérios de compatibilidade com as exigências atuais de evidências fisiológicas e anatômicas, e de referências a dados da pesquisa clínica, ou deixam de ser aceitas [SCHEID V. 2000].
A crítica à Acupuntura baseada nas teorias da antiga medicina chinesa representa um conflito de paradigmas em que se confrontam não o Oriente e o Ocidente - como postulam os defensores da subsistência do modelo arcaico - mas sim a Antiguidade e o mundo contemporâneo.
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