quinta-feira, 8 de maio de 2008

Tratamento de dor de cabeça "intratável" por eletro-neuro-estimulação periférica craniana.

Praticamente todo mundo tem, ocasionalmente, alguma dor de cabeça, e uma parcela significativa da população sofre de cefaléia crônica, recorrente ou diária. A OMS (Organização Mundial da Saúde) estima que em todo o mundo, um em cada 20 indivíduos sofre desse problema.

Um dos distúrbios mais comuns do sistema nervoso, a cefaléia crônica se manifesta de modo simétrico em todo o mundo, e em muitos casos acompanha a pessoa durante toda a vida. Quando os pacientes não encontram alívio com os tratamentos farmacológicos, os seus casos de cefaléia têm sido classificados como “intratáveis”.

As cefaléias crônicas costumam afetar negativamente a vida pessoal, familiar e profissional das pessoas, implicando em custos consideráveis com tratamentos, e com as perdas de produtividade no trabalho.

Pesquisadores da Northwestern University, dos EUA, analisaram os efeitos da estimulação craniana em 32 pacientes com cefaléia “intratável”, e os resultados desse estudo, “Estimulação neural periférica craniana para cefaléia intratável: resultados prospectivos de dois anos de seguimento” (Cranial Peripheral Nerve Stimulation for Intractable Headache: Prospective Two Year Follow-Up Results) foram apresentados recentemente.

Relatos anteriores revelaram que a estimulação dos nervos occipitais é eficaz para o tratamento de dores de cabeça na região da nuca e do pescoço, e nos casos de cefaléia cervicogênica, e nesse estudo os pesquisadores aplicaram os mesmos princípios para tratar cefaléias localizadas em outras regiões da cabeça. Nesses casos, os nervos selecionados para a estimulação são os que apresentam distribuição paralela à área em que os pacientes referem as dores, e os locais onde se aplicam as intervenções variam, dependendo da região dolorosa.

Nervos da superfície cervical e do crânio


No estudo da Universidade Noroeste dos EUA, os 32 pacientes receberam preliminarmente estimulação temporária, a fim de verificar a sua responsividade ao tratamento, de três a quatro dias. Os que apresentaram mais de 50% de alívio da dor durante esse experimento receberam implantes de até 4 eletrodos conectados a um gerador de pulsos. Somente três dos 32 pacientes (9%) não relataram alívio suficiente para serem incluídos na segunda etapa.

Para avaliar a eficácia da estimulação prolongada num prazo longo, os pacientes foram acompanhados por período de no mínimo dois anos. Os dados dos desfechos para 22 pacientes estão disponíveis:

Dezessete desses 22 (77%) obtiveram alívio da dor qualificado como bom ou excelente. Três pacientes (14%) deixaram de obter alivio duradouro da dor, e por causa disso foram removidos os eletrodos implantados.

Foi necessário efetuar ajustes no sistema de eletroestimulação em nove dos 22 pacientes (41%), devido a problemas como mau funcionamento do aparelho ou movimentação de eletrodos. Entretanto, a taxa de defeitos foi reduzida com a adoção de novas técnicas cirúrgicas, e novos componentes para os aparelhos. Outros tipos de complicação que apareceram foram dois casos de erosão dos eletrodos (9%), e um de infecção relacionada com a erosão.

Segundo declarou o dr. Robert M. Levy, responsável pela pesquisa, “os resultados gerais do estudo de dois anos indicaram que a eletro-neuro-estimulação periférica craniana é promissora para o tratamento de cefaléias intratáveis em pacientes selecionados, que já tentaram sem sucesso outros métodos conservadores para o alívio da dor”.

O trabalho foi apresentado no 76º Encontro Anual da Associação Americana de Neurocirurgiões em Chicago, EUA, 2008.

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