quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Novos paradigmas para a atenção à saúde pública

Há algumas décadas, começou a tomar corpo um movimento propondo uma mudança de paradigmas na atenção à saúde, que contemple uma abordagem integrativa, que não se limite a considerar as partes do organismo isoladamente, e o individuo separado do contexto ambiental, social, cultural e econômico em que se insere.

Um dos principais argumentos do movimento, que surge como reação a uma perda de qualidades humanas na atenção à saúde, simultânea ao desenvolvimento tecnológico, é a crítica à superespecialização, em que o indivíduo é fragmentado em órgãos e sistemas de órgãos não conectados entre si, e que é exemplificada pela separação entre corpo e mente.

Na verdade, a idéia de corpo e mente como entidades independentes não é um produto da modernidade, estando profundamente enraizada nas culturas tradicionais. Pelo contrário, a noção de integralidade mente-corpo começa a se tornar mais clara no final do século 19, com o avanço de novas disciplinas científicas, como a psicanálise, culminando no desenvolvimento das Neurociências.

Por outro lado, de modo geral, as propostas holísticas que até recentemente se apresentaram são provenientes de tradições muito antigas, concebidas em épocas em que os critérios científicos de validade, hoje imprescindíveis, ainda não existiam. Carentes de consistência conceitual e de fundamentos biológicos, a comprovação da sua apregoada eficácia dependia somente de relatos pessoais, de registros históricos e de uma literatura que é vista por alguns setores como uma espécie de revelação. Em todos os casos, os dados disponíveis eram imprecisos e vagos quanto à aplicabilidade clínica num contexto médico-científico.

Entretanto, apesar de a validade científica ainda ser questionada por alguns meios médicos e acadêmicos, e que a sua inserção no SUS provoque algum conflito entre categorias profissionais, esses métodos vêm sendo oficializados, tanto no Brasil quanto em muitos outros países.

Deduz-se desse fato que nem todos os problemas de saúde que se apresentam ao atendimento primário são satisfatoriamente atendidos pelos métodos terapêuticos oferecidos, e que há uma demanda por melhores recursos. Se não houvessem demandas não atendidas, não se justificaria acrescentar outras terapias.

Por outro lado, para que se adotem oficialmente novos métodos terapêuticos, mesmo que seja como complementares, pressupõe-se que sejam comprovadamente eficazes e seguros, ou senão deveriam considerados experimentais.

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