Os sistemas médicos se baseiam em modelos, que delimitam as possibilidades de interpretação dos fatos. Esse estabelecimento de limites é determinado por um sistema de idéias, uma ideologia, que é inseparável do momento cultural da civilização em que se desenvolveu, e pressupõe que fora desses limites, o que existe é “irracionalidade”. Esta intolerância à diversidade representa uma restrição da variedade, pode ser traduzida como redução da quantidade de informação. Assim, a adoção de um determinado paradigma pode resultar num obstáculo para os avanços em eficácia.
Por outro lado, a cultura biomédica não é isenta de representação do imaginário e do social. Todo discurso sobre a doença procede de uma opção teórica, e está subordinado, como qualquer aspecto do pensamento, à cultura, à civilização e à época em que se inscreve.
As formas elementares da doença - os modelos etiológicos.
Quando se observa os modelos etiológicos elaborados ao longo do tempo, apresentam-se duas grandes tendências:
1, As medicinas centradas na doença, cujos sistemas de representações são comandados por um modelo ontológico de natureza física;
2, As medicinas centradas no homem doente e cujos sistemas de representação são comandados por um modelo relacional que pode ser pensado em termos fisiológicos, psicológicos, cosmológicos ou sociais.
Os modelos descritos a seguir, numa forma idealizada por François Laplantine, em “A Antropologia da Doença”, são dispostos em pares de oposições, que descrevem e comparam as vertentes - ontológica X relacional, exógena X endógeno, e aditiva X subtrativa.
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