quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Autoridade, Revelação e Tradição.

Autoridade, Revelação e Tradição sempre andam juntas, explica Richard Dawkins, que recomenda, especialmente aos mais jovens, estarem atentos para essas “três más razões para acreditar em algo”.

Na carta que escreveu para sua filha quando esta tinha 10 anos, disse:

“Tradição significa crenças passadas do avô para o pai, deste para o filho, e assim por diante. Ou por meio de livros passados através das gerações ao longo dos séculos. Crenças populares freqüentemente começam de quase nada; talvez alguém simplesmente as invente, como as histórias sobre Thor e Zeus. Mas depois de terem sido transmitidas por alguns séculos, o simples fato de serem tão antigas as faz parecer especiais. As pessoas acreditam em coisas simplesmente porque outras pessoas acreditaram nessas mesmas coisas ao longo dos séculos. Isso é tradição.

O problema com a tradição é que, independentemente de há quanto tempo a história tenha sido inventada, ela continua exatamente tão verdadeira ou falsa quanto a história original. Se você inventar uma história que não seja verdadeira, transmiti-la através de vários séculos não vai torná-la verdadeira!”

Em 1976, Dawkins divulgou o termo meme (de memória) para designar as unidades fundamentais de herança cultural, um análogo do gene no plano molecular. Mutação é essencial tanto para o progresso memético quanto genético.

Quando a autoridade se sustenta em tradição e revelação, perpetua os seus memes mesmo que obsoletos, porque conta com o generalizado apego ao tradicional e repúdio ao novo, quando este surge.

2 comentários:

Unknown disse...

Norton, não creio que se possa por a tradição no mesmo barco. A etnofarmacologia já demonstrou por exemplo, que uma droga pesquisada através do conhecimento tradicional tem 300 vezes mais chance de dar certo do que aleatoriamente. E a indústria farmacêutica já se apercebeu disso.

Instituto de Pesquisa e Ensino de Terapêutica Contemporânea - IPETC disse...

Olá João Bosco!

Naturalmente, as experiências médicas antigas são preciosas. Abrem campo para novos insights e aplicações clínicas depois de testadas.

Vale para medicamentos, e também para a invenção chinesa da agulha como instrumento cirúrgico.

Entretanto, tudo deve ser escrutinado. Por exemplo, um dos "medicamentos" da tradição chinesa é o cinábrio, tido, na época da dinastia Han, como preservador da saúde, atribuindo-se à droga propriedades que levariam à imortalidade. Mas é mercúrio, as pessoas tomavam e ficavam vermelhas, e fatalmente intoxicadas.

Quanto às agulhas, observar que pode produzir melhoras em doentes, foi um ponto dew partida, mas hoje se sabe que as teorias inventadas para explicar os efeitos são equivocadas. Não existe a acreditada especificidade de "pontos de acupuntura", nem "meridianos", canais invisíveis por onde passaria um "ar" (a explicação é compartilhada por todo o Mundo Antigo.

Aderir integralmente, sem crítica aos postulados antigos significa "acreditar em coisas simplesmente porque outras pessoas acreditaram nessas mesmas coisas ao longo dos séculos".

Um abraço

Norton